sexta-feira, 26 de abril de 2013

O que a Ciência pode aprender com o Google?

Desde os tempos de Francis Bacon que a Ciência segue o proclamado método científico: um fenômeno chama a atenção de um cientista que formula uma teoria, uma tentativa de explicação desse fenômeno, dessa teoria, deriva hipóteses e previsões que podem ser testadas experimentalmente; caso os resultados sejam satisfatórios, a teoria é considerada uma boa explicação do fenômeno numa relação causal, ou seja, tais e quais fatores, intervindo numa certa relação, causam o fenômeno.

O Google, a gigante das pesquisas na web, tem seu grande trunfo em descobrir quais as 'melhores' páginas para cada determinado assunto; e faz bilhões de dólares com seus acertos. No entanto, o Google é como um papagaio que repete palavras sem saber seu significado: a máquina por trás dessa pesquisa não tem recursos de análise semântica, isto é, não faz a menor ideia do significado do texto da página, e também não faz análise causal do porquê seus utilizadores preferem uma página do que outra. Usando uma simples estatística, o Google simplesmente atribui um grau maior de relevância nas listas de resultados às páginas mais visitadas e com maior tempo de permanência do leitor. É dessa mesma maneira que o Google consegue traduzir Klingon para Farsi quase tão bem quanto francês para alemão, sem realmente "conhecer" nenhum desses idiomas.

Só hoje li o interessante artigo The End of Theory: The Data Deluge Makes the Scientific Method Obsolete (O Fim da Teoria: O Dilúvio de dados torna o método científico obsoleto) na Wired, onde Chris Anderson, editor chefe da revista, argumenta que, na nossa atual era de petabytes de informação, aquela clássica abordagem - hipótese, modelo, teste - está se tornando obsoleta.

Agora que podemos analisar amostras imensas, quando não o próprio universo de dados, a tendência seria cada se vez mais se fazer Ciência à maneira do Google: as correlações aí observadas adquiririam validade por si só e poderiam dispensar causalidades, modelos coerentes, teorias unificadas ou qualquer explicação mecanicista de todo!

Segundo o autor, seria a hora de perguntar: o que a Ciência pode aprender com o Google?

Veja também meu post Em tempos de Big Data, grande educação?

Já é tempo da Física reconhecer que o tempo é real.


Embora todos estejamos bem conscientes da passagem do tempo, o conceito de tempo nunca foi bem explicado pela Ciência.

Alguns físicos chegam a afirmar que o tempo é uma ilusão da nossa mente.

Uma das características mais marcantes do tempo é a de que podemos recordar os eventos passados mas, salvo as alegações de alguns gurus e videntes, não conseguimos aceder aos eventos futuros.

Isso é o que se chama de irreversibilidade do tempo: as frutas amadurecem e se estragam, nós envelhecemos, etc.; nunca vemos algo assim acontecer na sequência inversa.

No entanto, o misterioso nisso é que as equações que descrevem muitos desses fenômenos são simétricas com relação à variável tempo, isto é, descreveriam igualmente bem os fenômenos inversos.

Estava lendo hoje o interessante artigo de opinião It's time physics recognised that time is real (Já é tempo da Física reconhecer que o tempo é real) na New Scientist desta semana, no qual o físico Lee Smolin, do Instituto Perimeter, Canadá, descreve seu trabalho, juntamente com o filósofo brasileiro Roberto Mangabeira Unger da Universidade de Harward e a cosmóloga Marina Cortês da Universidade de Edinburgo, na visão de que "as leis físicas verdadeiramente fundamentais são temporalmente assimétricas, tornando a irreversibilidade do tempo uma condição fundamental do universo".

Uma das vantagens desta abordagem é que ela não só teria a capacidade de explicar fatos básicos sobre o nosso universo que de outra forma parecem ser inexplicáveis, como o faria de maneiras testáveis ​​por experimentação.

Isso tornaria o tempo realmente real.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

em tempos de Big Data, grande educação?

No mesmo dia em que li a notícia na Folha de São Paulo de que as duas maiores companhias de ensino privado do país, a Kroton e a Anhanguera Educacional, vão se unir para criar um gigante no ensino privado, li também, um post no blog Research Google, da gigante das buscas, que estão disponibilizando um curso sobre pesquisas avançadas em forma de “MOOC” (Massive Open Online Course, isto é, curso aberto online massivo) para dezenas de milhares de alunos em cada classe!

Estamos no tempo do Big Data, mas será que nos encaminhamos para uma grande Educação?

A problemática produção científica brasileira

Três matérias na seção Ciência do jornal Folha de São Paulo de hoje discutem a problemática produção científica brasileira.

São eles:
Não é de hoje que se comenta que a produção científica brasileira é produzida para 'fazer volume', cumprir metas de produção para garantir a continuidade de financiamentos, voltada para o público interno, predominantemente em português, com pouco impacto na comunidade científica internacional, etc.

Infelizmente, muitos pesquisadores ainda reclamam que não sabem inglês suficiente para uma publicação internacional, que ficam muito caras as traduções, que as publicações estrangeiras tem 'preconceito' com autores de terceiro mundo, etc.

Por outro lado, veem com temor a possibilidade de se consolidar o terrível Fator de Impacto como parâmetro de avaliação da 'importância' de um periódico científico e da 'qualidade' de um artigo.

Mas, enquanto parte dessa comunidade recua apavorada e barulhenta, outra parte se profissionaliza e conquista reconhecimento e espaço mundiais.

É sua escolha de qual delas quer fazer parte.